A próstata é um órgão exclusivo do homem. Ela armazena e secreta o fluido seminal que, junto aos espermatozóides, forma o sêmen. Ao longo do tempo algumas das células que formam a próstata podem sofrer alterações que levam a um crescimento desordenado, que pode corresponder ao câncer de próstata.
A detecção precoce eleva consideravelmente as chances de cura do câncer de próstata que é o câncer mais comum em homens acima dos 50 anos.
A maioria dos tumores de próstata crescem lentamente e não causam sintomas, principalmente nos casos iniciais com maiores chances de cura.
QUEM DEVE REALIZAR O RASTREIO?
O rastreio visa a detecção precoce e é indicado para todos os homens a partir dos 50 anos de idade, caso não haja fatores de risco* e homens por volta dos 45 anos de idade, caso haja fatores de risco.
*Os principais fatores de risco são: descendentes de negros e/ou história familiar da doença, principalmente em parentes de primeiro grau.
COMO É O RASTREIO?
O rastreio se dá através do exame de sangue que pode indicar uma elevação anormal do PSA (Antígeno Específico da Próstata) e do toque retal que avalia se há presença de nódulo(s) ou alterações suspeitas na próstata.
Existem algumas condições relacionadas ao PSA que podem dificultar a indicação de biópsia. Para isso há diversas formas de refinamento do exame, entre eles o Antígeno do Câncer de Próstata 3, conhecido como PCA3, que é realizado por meio da coleta de urina após toque retal. Sua alta especificidade além de ser útil no rastreio do câncer de próstata , também auxilia a predizer a agressividade do tumor.
POR QUE FAZER O TOQUE RETAL?
Metade dos nódulos palpáveis ao toque retal são malignos e embora o PSA sozinho detecte cerca de 70% das neoplasias de próstata, cerca de 25% dos tumores de próstata ocorrem em homens com PSA normal.
E SE OS RESULTADOS ESTIVEREM ALTERADOS
Se houver uma elevação anormal no exame de sangue (PSA) e/ou alteração ao toque retal, o médico solicitará a biópsia, que consiste na retirada de alguns fragmentos para análise patológica, que indicará se é ou não um caso de câncer de próstata.
O RESULTADO DA BIÓPSIA CONFIRMOU CÂNCER DE PRÓSTATA. E AGORA?
Se o câncer de próstata for confirmado, o paciente deverá ser encaminhado a um médico especialista da área oncológica que dará inicio ao Estadiamento, que consiste no refinamento da investigação, de acordo com o resultados dos exames iniciais. Dessa forma, para melhor classificação da doença, o médico poderá solicitar, por exemplo a Ressonância Magnética da próstata, Tomografia pélvica, a cintilografia óssea ou algum outro que julgar necessário, de acordo com protocolo utilizado.
Fonte: INCA
Opções de tratamento em Câncer de Próstata localizado
Para definir o tratamento é necessário inicialmente saber se estamos diante de um caso de doença localizada, ou seja restrita à próstata ou se estamos diante de um caso de doença à distância, ou seja , aquela que ultrapassou o limite da próstata e atingiu também outros órgãos, como por exemplo os ossos.
Os casos de doença localizada são classificados por categoria de risco: baixo risco, risco intermediário ou alto risco: Todos esses podem ser tratados por cirurgia, conhecida como Prostatectomia Radical ou por Radioterapia, através da radiação ionizante com intenção curativa.
Os casos de baixo risco envolvem mais opções, incluindo a vigilância ativa, por outro lado, os pacientes de risco mais elevado podem ser beneficiados com a emprego protocolar e combinado da hormonioterapia quando a opção de tratamento é a radioterapia.
A definição do tratamento envolve diversos fatores, como a idade, comorbidades, expectativa de vida, riscos do procedimento ou a sua não-realização, toxicidades terapêuticas, complicações, além, é claro da decisão final do paciente.
É muito importante que antes do fechamento final sobre a escolha do tratamento do câncer de próstata o paciente esteja ativamente no centro dessas discussões junto aos seus médicos especialistas para uma abordagem esclarecedora e facilitadora da tomada de decisões.
COMO É DEFINIDA A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO CÂNCER DE PRÓSTATA?
A classificação de risco é definida através do estadiamento , que leva em consideração o valor de PSA, adquirido através de um exame de sangue; do escore Gleason , que é uma classificação anatomopatológica (decorrente da biópsia ou peça cirúrgica) que estabelece o grau de diferenciação das células tumorais em questão. Assim, conjuntamente se estabelece a a classificação TNM que diz respeito ao achado, distribuição e extensão desse tumor. A combinação desses fatores é que vai resultar na classificação final de baixo risco, risco intermediário, alto risco ou doença metastática.
BAIXO RISCO: TRATAMENTOS
O Câncer de Próstata Baixo Risco, designa o grupo daqueles pacientes com um PSA < 10, o escore Gleason de 6 e também casos desde tumores incidentais não identificáveis clinicamente (em que a elevação do PSA indicou a biópsia) até tumores palpáveis ao toque retal, que acometem no máximo não mais do que a metade de um dos dois lobos prostáticos.
Para os casos de Baixo Risco há três principais opções que devem ser individualizadas e discutidas entre médicos e pacientes, que participam ativamente da escolha: a Prostatectomia Radical, a Radioterapia , incluindo também a Braquiterapia de próstata e a vigilância ativa.
BAIXO RISCO: QUAL TRATAMENTO ESCOLHER?
Essas possibilidades existem pela equivalência aproximada dos resultados, no entanto cada uma delas possui RISCOS diferentes que devem ser discutidos e equacionados com as condições do paciente.
Tanto a Radioterapia , quanto a cirurgia são procedimentos que conferem riscos de complicações ou sequelas, em especial as genito-urinárias, enquanto que na vigilância ativa há o risco pequeno, mas possível ,de uma evolução mais acelerada do que a expectativa, durante o seguimento proposto.
Então é necessária a avaliação pelo médico especialista, levando em consideração a idade, o perfil psicológico, a expectativa de vida, a possibilidade de adesão do tratamento e o seu seguimento, a presença ou não de outras doenças/ patologias que poderiam dificultar ou contribuir negativamente para algum dos procedimentos pretendidos, além da analise de nomogramas , que são ferramentas prognósticas da doença.
Diante disso tudo, uma vez que essas três opções principais sejam viáveis e as informações devidamente esclarecidas , o paciente participa da decisão final de escolha do tratamento.
RISCO INTERMEDIÁRIO FAVORÁVEL
No câncer de próstata de Risco Intermediário Favorável é preciso que ocorra uma das alterações além daquelas que classificaria o caso como um Baixo risco, ou seja:
O valor de PSA deve ser de 10 a no máximo 20 ou o anatomopatológico indicando um Gleason Score 7 às custas de uma somatória 3+4 , com o 3 antes do 4 ou que o tumor acometa no mínimo mais da metade de um dos lobos prostáticos e no máximo ambos os lobos. Além disso, é necessário que menos de 50% da amostra da biópsia evidencie o câncer.
As opções de tratamento para o câncer de próstata Risco Intermediário Favorável são as mesmas do baixo risco: Prostatectomia Radical, a Radioterapia e a possibilidade da Vigilância Ativa , PORÉM há uma preferência, uma tendência maior na prática clínica para a cirurgia ou Radioterapia , levando em consideração toda aquela avaliação do perfil do paciente , explicada anteriormente , que pode acabar favorecendo mais uma escolha do que outra.
RISCO INTERMEDIÁRIO DESFAVORÁVEL
Ocorre quando há 2 ou 3 dos seguintes fatores:
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Exame de sangue com valor de PSA de 10 a 20
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Resultado da biópsia com Gleason 7
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Tumor acometendo no mínimo mais da metade de um dos lobos prostáticos e no máximo ambos os lobos.
Um detalhe importante da classificação que enquadra o caso diretamente como um intermediário desfavorável é quando o escore Gleason do AP tem um valor de 7 às custas de uma combinação descrita como (4+3), nesta ordem, que neste contexto é diferente de (3+4). Além disso quando 50% ou mais da amostra da biópsia está acometida pela neoplasia, também direcionamos para o Risco intermediário desfavorável.
Ao contrário dos casos de Baixo Risco e Risco Intermediário Favorável, os casos desfavoráveis não incluem a Vigilância Ativa. Os principais tratamentos se restringem à cirurgia com a prostatectomia radical e a radioterapia, que neste caso pode ter um benefício agregado com o emprego da Hormonioterapia de curto prazo, por 4 a 6 meses.
ALTO RISCO
É um caso de pior prognóstico e com maior dificuldade de controle da doença, com o risco de metástase à distância aumentado. Estamos diante de um caso classificado como Alto Risco quando:
1) Exame de sangue com valor de PSA maior do que 20 e/ou
2) Resultado da biópsia com Gleason igual a 8 ou mais e/ou
3) Quando há extravasamento da doença extracapsular e/ou acometimento das vesículas seminais e/ou metástase linfonodal regional e/ou
4) Invasão das estruturas adjacentes à próstata pelo câncer (reto / bexiga )
As principais propostas terapêuticas são a cirurgia, com a Prostatectomia Radical ou Radioterapia combinada com a Hormonioterapia de longo prazo ( 2 a 3 anos) conforme a avaliação médica